Sentenced to drift far away now,
Nothing is quite what it seems,
Sometimes entangled in your own dreams.
— Entangled by Genesis, 1976
Eu acho que não vem ao caso falarmos aqui sobre a qual natureza dos problemas que me levaram a isso. Coisas que aconteceram nos dias e no dia anteriores. Isso seria só uma introdução chata e enfadonha que não nos levaria a nada além daquela chuva molhada da conversa de bêbado triste para o colega de copo que lhe calhou de dar plantão. Podem ser problemas de trabalho para quem não tem o problema de não ter trabalho. De amor para quem tem a sorte ou o azar de ter a quem querer. De família, que quase todos os têm porque quase todos têm uma. De consciência. E já esses suspeito que muitos não tenham por falta de uma que lhes doa.
Acho que posso começar a contar a partir de umas cinco da manhã, talvez um pouco antes. Foi mais ou menos a essa hora que começatam a bater o desespero e a revolta por não ter conseguido dormir quase nada. Aquela sensação horrível de impotência, de não conseguir fechar os olhos e se alienar do mundo todo, morrer por algumas horas. O virar de um lado para o outro da cama incomodado pela sensação gelada do próprio suor nos lençóis e no travesseiro.
Foi por esse incômodo que preferi me sentar no sofá e ligar a televisão num programa que me distraísse e cansasse. Um telejornal europeu. Previsão do tempo e condições de estradas e aeroportos para os portugueses que tomam café da manhã e partem para trabalho. Notícias dos pequenos incidentes da noite: dois carros que bateram numa cidade do interior, uma imagem sacra danificada pela água da chuva que escorreu do telhado estragado a igreja, a festa da padroeira de uma paróquia que parece ser famosa. A agenda dos governos para o dia.
Uma piscada de olho e fiz a besteira de olhar em direção à janela. A noite que vinha de fora não era mais a mesma. Diluia-se. Já dava para notar um pouco da cor vermelha da parede texturizada, o verde da samambaia do canto, o amarelo da lombada de um livro. Só o azul de minha mochila ainda era cinza bem escuro. São assim essas duas cores, as últimas a amanhecer.
Olho o relógio. O sol ainda não saiu porque não obedece o horário de verão. Os padeiros obedecem. Alguma padaria já está aberta. Se não consigo dormir, posso engordar ao sabor de pão fresco e manteiga. Manteiga de verdade. Não aquele óleo de fritura batido que se chama margarina, mas alguns teimam de chamar de manteiga. É tão bizarro que há até uma marca de “margarina sabor manteiga”.
Bermuda velha desbotada de surfista que comprei de improviso nas férias de julho e a tradicional camisa de meu time. Me troco e desço pra garagem com a costumeira roupa que uso na padaria. A bermuda tem dois bolsos grandes com velcro, o da direita uso para o telefone, um caderno pequeno (tenho mania de rabiscar) e um lápis, o da esquerda para a carteira. Negligencio o banho e escovar os dentes, provavelmente por falta de ter acordado. Descobrir-se, pisar no chão frio, ir ao banheiro mijar, tomar banho e escovar os dentes não são um ritual pensado, mas atos involuntários necessários à transição sono-sonambulismo-despertar.
Esperando abrir o portão da garagem, penso no gosto de trapo velho e terra do café da padaria. Cafés bons mesmo eu conheço três: o da Praça da República, o da Praça Carlos Gomes e, o melhor do mundo, o da Praça da Independência. A Praça da República não é lugar onde se vá de carro e a Carlos Gomes fica a mais de uma hora de casa. A esta hora da manhã, descer a serra até a Praça da Independência de frente para o sol que nasce, minha vida para a trás, as ilhas e o mar à frente, parece até romântico.
O problema do caminho para o litoral é que tenho de atravessar toda a cidade. Ônibus no caminho da garagem para os terminais, gente que acordou cedo (e ainda assim atrasada) dirigindo como desesperada, jovens com cara de adolescentes à procura da estação de metrô que vai abrir. A estrada em si, do outro lado, é uma paisagem desnaturada, mesmo assim bonita. Sobram laranja, dourado e beges sob o céu azul marinho, quase roxo. Jogo de cores resultado de algum reflexo que eu não sei explicar.
O nascer do sol romântico que imaginei me parece mesmo feio, no mínimo sem graça. Uma combinação de cores escolhidas aleatoriamente sem nexo, sem combinação. Moda de décadas trás que casais piegas teimam em nos dizer ser bonita. Estão com os olhos fechados, dormindo abraçados, esses casais. E não vêem o nascer do sol como ele realmente é. Por isso o dizem bonito e romântico. Mas eu vejo que não é mais que uma cortina azul desbotando, a deixar à vista o bege feio, carnação, do pano cru por baixo. À espera de que alguém a abra para deixar o sol entrar. A paixão correspondida nos torna tão superficiais! Não é possível ver a realidade como ela é sem ter a amargura bem fresca e desperta no coração. A frustração. É a frustração de não ter algo que nos faz procurar em cada canto e, ao procurar uma coisa, encontrar outra, outras, vários detalhes delas. Não haveria boa poesia sem os frustrados. Disso tenho absoluta certeza. Só teríamos aqueles versinhos bestas de crianças do primário, descrições dos pais, das férias, das festas de aniversário. Não saberia realmente dizer o que são o amor, a beleza, a vitória, quem os tiver a centímetros do nariz sem ter procurado com dificuldade, se enganado várias vezes e decepcionado quando não podia.
Alguma coisa na rodovia, talvez uma árvore envergada fazendo sombra, me lembra de um episódio de anos atrás. Descendo para a praia à noite, por essa rodovia, enchi-me de alegria e lhe disse algo como: “Estou tão feliz! Gosto tanto de você!”e em troca ouvi um sermão sobre “como não são de confiança, pessoas que demonstram felicidade por tão pouco”. Acostumado a me arrepender de esconder o que sinto, naquela noite, me arrependi de me expressar. Precisa passar por isso quem quer entender o valor de um “Eu também.” ou de um simples sorriso encabulado. A lembrança me distraiu um pouco da paisagem. Ensimesmou-me. Por um tempo não prestei mais atenção em nada que não estivesse dentro do carro. No banco de passageiro, no rock que tocava no rádio.
Quando acordo da distração, já estava na bifurcação (trifurcação) do final da serra. À minha frente, já com luz de dia cedo, três caminhos. O meu, era o mais óbvio, do meio, aquela ilha, toda urbanizada. Depois dela, o mar. Depois dele, algo a que chamamos horizonte, mas que nada mais é do que quaisquer coisas que fiquem longe demais para vermos.
Eu cheguei já com dia claro. Mas naquela hora gostosa quando o sol ilumina e longe, baixo, e os prédios todos fazem sombra. O ar ainda está fresco e úmido dos ventos da noite. Ainda assim, cheguei cedo o suficiente para estacionar em uma travessa perto do comércio sem precisar fazer baliza nem pagar zona azul.
Tiro os tênis dentro do carro. Não nasci para várias coisas, uma delas é usar sapatos. Em casa, mesmo no quintal, vivo descalço. É curioso meus pés não serem calejados. Suas solas, macias mesmo, parecem de quem passa o dia com meias grossas ou usa aqueles cremes hidratantes de cheiro enjoativo.
O café e a banca de jornal em frente estão abrindo, estrategicamente no mesmo horário. A padaria, cinqüenta ou cem metros mais à frente, que, acho isso curioso, tem o nome de uma flor obscura, o mesmo nome incomum do meu bairro, está aberta já. Da calçada sinto o cheiro azedo de bromato e fermento do pão mal feito me convidando a entrar. Pão fresco, mesmo ruim, é sempre uma maravilha. Sabe a satisfação.
Pão puro. Não peço manteiga porque já caí no golpe da margarina aqui. Como devagar, tentando prestar atenção nos quadrinhos, nas manchetes e nas colunas de opinião do jornal local. Segundo pãozinho. O balconista pergunta várias vezes se não quero mesmo manteiga ou algo para beber.
Largo o jornal no balcão. O café da praça cheira a ser um bom motivo para acordar. A xícara quante, a simpatia do balconista e o cheiro do café recém passado, que valeu oitenta quilometros de estrada, são a primeira boa coisa do dia e, por alguns segundos, me distraem de mim mesmo. A segunda xícara resulta do apego, de não querer ir embora, muito mais do que do ritual matinal de beber algo para acordar. Ela chega com mais um sorriso e duas palavras simpáticas do balconista.
Parece-me besta já voltar para casa. Tanta gente passando, indo ou vindo, nas suas caminhadas na praia, dos banhos gelados do mar. Eu gosto muito de andar. Vou para o calçadão da praia. O caminho de cimento cortado entre os canteiros é bem movimentado. Uns trinta minutos a pé e chego ao parque.
Esse parque é um grande jardim muito arborizado. Parece resto de mata. Árvores bem fechadas, samambaias e outras plantes cortadas pelos passeios. Há alguns brinquedos de crianças à direita da entrada, animais soltos, cotias, sagüis, um jabuti de mais de meio metro de altura, viveiros de plantas, especialmente o de orquídeas, e de pássaros. Falam de um bicho preguiça, mas nunca o encontrei. Andar devagar pelo passeio, uma parada a cada dois passos, para olhar, ao redor e acima, as sombras e movimentos dos bichos nas plantas e nos galhos das árvores é uma das poucas coisas que sempre conseguem me distrair. Posso ficar o dia todo aqui, sem perceber. A melhor parte é o viveiro grande perto da saída, com portas duplas acortinadas, e uma passarela para entrarmos e andarmos no meio dos pássaros. As plantas dele são mais galhadas. Você pode se debruçar na beira da passarela e procurar os pássaros entre os galhos, vê-los andar, voar, comer, te olhar com suspeita. Só falta. Uns dois ou três troncos caídos que sirvam de banco e café igual ao da praça. Todas as vezes que venho aqui são iguais, não há o que contar. Somando devagar pela passarela até a saída, a maior parte do tempo debruçado no beiral, procurando quantos pássaros diferentes encontro e se os consigo identificar pelas placas informativas espalhadas. De vez em quando, um pássaro voa atravessando o caminho de quem vai pela passarela. Isso me dá aflição. Imaginar que possa tocar, sem querer, um desses bichinhos, seus dedinhos, asinhas e ossinhos frágeis. Me encolho de medo de pensar que posso acabar machucando um. Essas coisinhas pequenas de que gosto, tenho sempre muito medo de machucá-las, por isso acabo me encolhendo distante sem coragem de tocar ou mesmo de que cheguem perto. Por isso mesmo, os bichinhos devem ter medo de que eu seja algum predador à espreita. Olhando atento, a distância estratégica, quase imóvel. Represento-lhes o gato, a cobra, o mal dissimulado prestes a dar bote. Quando saio do viveiro e procuro o portão para a rua, imagino o alívio que têm e a festa que fazem, como alunos quando o professor saí da classe.
Na calçada, sem a sombra das árvores, o sol da manhã me lembra da preguiça típica dos fins-de-semana emendados. Aqueles em que o melhor que pode acontecer é acordar tarde num quarto de hotel na praia ou no interior e descer correndo para ainda conseguir tomar o café-da-manhã de chinelos, calção e a mesma camiseta usada pra dormir, depois voltar ao quarto e deitar preguiçoso na cama para namorar mais um pouco, tomar banho e pensar em como gastar o resto do dia. Essa preguiça me leva do parque dos viveiros só até o parque do início da praia.
Quadras vazias, um prédio administrativo completamente deserto. Adolescentes bestas desprezam as colegas que lhes dão bola para arriscar os ossos na pista de skate em manobras tão tímidas que parecem inventadas por yiddish mames de condomínio. Dos vinte ou trinta skatistas, só dois brincam sem medo. Tomam velocidade, caem, se levantam passando a mão no novo esfolado. Depois tentam de novo. São os únicos dois que brincam sem parar. Tem os equipamentos já bem gastos, roupas rotas e puídas. São também os únicos que não parecem fazer parte de nenhum grupo de amigos.
Casaizinhos que já chegara formados perdem também tempo sentados no bobodromo, uma espécie de arquibancada para as pessoas namorarem fingindo olhar a praia e as ondas que quebram na chegada a ela.
Eu gosto mais de olhar o mar a partir do mirante logo em seguida. Ele já fica virado para fora da praia. Para o que seria mar aberto se não houvesse uma ilha logo em frente.
Essa ilha, acho que é a dos urubus. Toda praia tem uma com esse nome. Ilha dos Urubus. São na verdade pedras altas que saem do mar cobertas de plantas. Talvez todos os alunos de uma pequena escola tivesse de dar as mãos para a conseguir abraçar. Está ilha dos urubus tem até muitas árvores. Urubus são poucos, dois ou três que vejo voando perto. A está hora, ou já saíram para trabalhar, caçando pequenos bichos moribundos ou circundando pobres almas no mínimo igualmente moribundas.
Certos indios do Norte do Brasil inventaram a expressão “comer” para se referir ao homem ter sexo com uma mulher. Para eles, os homens são bichos e as mulheres espíritos. Por isso proíbem as mulheres de beber qualquer coisa que lhes possa causar alucinações. Medo de que cheguem ao mundo dos espíritos e, percebendo-se em casa, não queiram mais voltar. Os homens, para manterem-se humanos, creem, tem de casar e regularmente se alimentar do espírito feminino. Na dificuldade de tradução da língua indígena, que, agrafa, tem vocabulário muito reduzido, para o português, “alimentar-se da mulher” virou “comê-la”.
Os urubus, ao contrário, caçam as poucas coisas que encontram mais débeis e miseráveis que eles. Comem a podridão e sobrevivem, alimentando apenas sua infâmia.
Há uma placa, um aviso de proibição do acesso à ilha. Também de proibição de descer do mirante para as pedra que cercam sua base. Essas pedra, de formas e cores muito variadas, obviamente não são naturais dali. Foram colocadas para proteger o mirante das ondas que quebram altas e fortes e que os surfistas adoram. Parecem valentonas a garantir que nem as pedra, nem o mirante, nem eu, covardes que somos, tentemos quebrar as regras. “Passe daí, te acerto e você se arrepende.” Não há de ser com o mar que eu brigaria. Acho-o bonito, mas respeito demais. Não me aventuro. Meu negócio é a terra, caminhar, pisar, sentar.
Caminhar pela areia, onde ela está molhada, descalço. Senti-la se deformando em pegadas ao peso dos pés número quarenta e cinco para os quais tenho dificuldade de encontrar sapatos que caiam bem. As ondas resistentes, que sobem até mais dentro da praia, cobrem meus pés e tornozelos. Ajudam a diluir a areia e afundar meus pés. Refrescam a palma cansada e quente de tanto andar.
Parece coisa de velho. Já que está na praia, molhar os pezinhos no mar. Deve ser, embora eu tenha feito assim desde garoto.
Sento-me na areia, já à altura da praça onde estacionei e tomei café da manhã e só então levanto a cabeça e olho diretamente para o mar aberto, para a boca da baía e os navios que somem no horizonte.
Pego do bolso o caderno e o lápis. Não gosto de caneta. Tem algo de legal no lápis que eu não sei explicar. Algo na aspereza do grafite, na sua aparente e engenhosa rusticidade. Tento rabiscar o que vejo.
Não desenho bem. Mesmo na escola, nas aulas mais chatas de Educação Artística quando demonstrava ser um dos poucos alunos a entender os conceitos de perspectiva, ótica e proporção, meus desenhos eram esdrúxulos e infantis. Eu invejava outros alunos que, sem técnica alguma, conseguiam criar belos desenhos enquanto eu tirava dez por fazer, com sombras perfeitas, casinhas iguais às das crianças do pré-primário.
O moço da barraca de bebidas me reconhece e pergunta se não vou-me sentar em uma de suas cadeiras hoje. Eu não estava pensando nisso mas o sol queima já. Sento-me embaixo de um guarda-sol, sem cadeira. Ele me oferece uma caipirinha (pouca pinga, muito gelo, limão expremido, sem açúcar) ou suco de maracujá (com receita parecida). É cedo ainda. Sei que ele não tem, mas não evito dizer que ia bem um café, um copo bem grande, sem açúcar, mesmo que estivesse gelado como fazem nas praias do Sul.
Ele brinca se estou curando a ressaca na areia. Demorou, mas quando voltou com o suco que pedi, trouxe também um copo grande de plástico e uma garrafa térmica de café. “O pai foi buscar pra mim, disse pra te trazer uma também. Está sem açúcar que ele sabe que você não gosta.” Agradeci surpreso. Acho que segurar um copo de café sentindo seu cheiro misturado à maresia foi a segunda coisa boa que me aconteceu. Uma sensação de liberdade e conforto que me lembrou de outros momentos de alívio.
Logo corro a desenhar no canto do caderno algo de que tinha me esquecido ja na noite de ontem. Um rosto deitado de lado na mão, cotovelo sobre a mesa. Um sorriso encabulado, olhos procurando algo, eles sabem onde, e bochechas avermelhadas de quem de repente se sente vulnerável e infantil por esperar atenção no momento inusitado. Um brilho de olhos que os faz piscar involuntariamente e a mudança no ângulo do sorriso ao perceber que tinha a atenção e que ela vinha acompanhada de olhos que lhe procuraram e de sorriso diferente, mas igualmente encabulado e satisfeito pela reciprocidade. Satisfação de quem queria lhe dizer “Eu gosto muito de teu sorriso e o o seu olhar iluminou meu dia o suficiente por todos os outros em que não tive motivo para retribuir um sorriso.” De quem responderia a um amigo que, abelhudo e debochado, e, se amigos o podem ser, desrespeitoso, lhe perguntasse “E aí, vai comer?”… Lhe responderia apenas “Quero seguir encantado por esses olhos e por esse sorriso, hoje à noite, amanhã pela manhã e mergulhar neles para senti-los em meu rosto como se fossem meus.”
Sempre me senti mais confortável escrevendo. Talvez porque a escrita seja apenas a formalização de uma história contada, na qual não há nada físico para eu enfeiar. É por isso que, percebendo o disparate de meus garranchos, rabisco algumas frases. Frases bestas daquelas de figurinhas de drops de eucalipto e de revistinhas femininas como as que minha irmã colecionava na adolescência. Frases que eu ponho no papel sem pensar em valor ou qualidade. Só para tentar guardar o máximo do momento e o que sinto. Para depois, com calma, talvez escrever algo.
Rabisco as frases e finalmente estou leve, distraído. A ansiedade passa toda aos dedos que seguram e guiam o lápis. Ele, inquieto, aproveita minha sensação de leveza e cria asas. Sinto-o suspender-me. Tenho medo de soltá-lo e cair. Já olho para trás, está a praia. Para baixo, sinto o vento rápido e perco o medo, vejo o prateado da água do mar.
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