Temas

Man, wake up, there’s a full moon shining.
Man, too long we’ve been sleeping. What is it we’re really feeling?
   — Sally Oldfield, Mandala

De tempos em tempos, me canso da cara deste blog e começo a fuçar para deixar as coisas diferentes. Há uns dois meses atrás foram os posts sem título que me irritaram porque se confundiam com os anteriores. Resolvi colocar uma imagem em cima de cada post, mas elas começaram a ocupar muito espaço na tela do note. Agora foi o tema, para deixar as imagens mais comportadas. Mas este aqui ainda não está perfeito. O menu que some na tela do tablet me incomoda um pouco. Daqui a pouco sou capaz de o trocar de novo.

Mas o que acho mais curioso quando faço essas reformas é a impressão que me causam meus posts antigos. Encontro tanta coisa mal-feita e outras que são simplesmente tão bobas que as apago sem remorso de fingir que nunca existiram! Acabo parando horas a mexer neles. A alguns só remendo uma coisa ou outra, corrijo algum equívoco, ortografia, gramática, algo que me escapuliu. Outros chegam a ser embaraçosos de tão mal feitos!

Por isso que digo que este é um blog-mandala. Não consigo revisitar nada sem reescrever.

Há os que devoram as palavras. Lêem-nas em grandes bocados, famintos. Têm medo de não se fartarem por perderem alguma. Exageram e, tenho certeza, não aproveitam todo o sabor que o remetente tentou lhes dar. É como um beijo não correspondido em que você (eu?) fica embaraçado com a outra pessoa de boca fechada.

Gosto de quem lê devagar, curtindo, sonhando junto, como quando escrevi.

2018

Tanta coisa aqui que eu comecei e não consigo terminar. Acho que já tem um mês ou quase isso que não termino de escrever nada para postar aqui. Nem consigo terminar a lição de casa que me deram (na verdade, não sei se não consegui ou se a porcaria que fiz era a esperada mesmo),

Acabo de remover o WhatsApp do telefone para não receber mais votos automáticos de ano novo das pessoas que não suporto, mandei três (pelo Facebook) para pessoas que não posso deixar que pensem que as esqueci, tomei quase uma garrafa de moscatel do Vêneto (pra quem gosta, deve ser bom), briguei com a mulher e desci para fumar um Cohiba e tentar postar algo. Nisso chegou 2018. Agora estou aqui no quinta, a ponta do Espigão, fumando (aliás, este charuto me deu uma saudade de meu avô) enquanto lá pela minha terra estouram estas porcarias de fogos.

É, parece que 2017 foi melhor que os anteriores.

FAQ

Incluída uma FAQ no blog: http://xelande.com/faq/

Ela será atualizada de vez em quando. Sintam-se à vontade em cutucá-la com sugestões de perguntas. As que mais me incomodam são as minhas preferidas.

Eu queria mesmo ter algo de novo para dizer, mas tudo já foi dito várias vezes. Não há novidade nenhuma da primeira linha já escrita até a última que ainda vou escrever. Eu procuro, penso, imagino, mas a vida continua este lenga-lenga repetitivo e sem sentido.

E se tudo já foi dito, suspeito que o que falte seja ouvir…

handwriting

Lembro de como me doía a mão direita de segurar o lápis para escrever. Sempre segurei-o com muito mais força do que devia. Também sempre demorei muito mais do que devia para escrever. Apertava os dedos contra o lápis e ele contra o papel. Isso já acabou. O que me cansa agora são as dobras de alguns dedos, de pouco se mexerem enquanto teclo.

Dor. Dor só de coisas lembradas ou imaginadas, que não consigo terminar de escrever para postar.

Queria escrever mais rápido. Mais rápido para logo desembuchá-las no teclado e postar. Postar para longe. Para algum lugar do mundo onde sumam.

Não consigo, e essa lentidão em redigir me aflige.

Ficam essas histórias inacabadas me atormentando. Pior do que se não existissem, rascunhadas.

Post sem Moral da História

O sujeito chega em casa, tarde da noite. Perdeu o jornal, perdeu a novela. Seu time também está perdendo. Durante o dia, no trabalho, uma treta atrás da outra. Já lhe apelidaram de varal, por causa da piada corporativa do varal com caralhos pendurados. A esposa o abraça e enquanto o beija, beijo de três segundos, alcança sua carteira e pergunta pelo pagamentos dos boletos e as coisas que devia trazer, mas não trouxe, do mercado. As crianças o chamam para brincar, cada uma por um braço, e brigam entre si, posto que cada uma quer uma brincadeira diferente. O cachorro, para também entrar na disputa, puxa-lhe a barra da calça com os dentes e acaba por rasgá-la. Toma banho e vai para a cama danado com o chuveiro que estava muito quente e com o choque que tomou tentando mexer.

De manhã, é o primeiro a acordar. Antes mesmo do telefone que só iria tocar às seis. Vai à cozinha, faz um café, amaldiçoando a ramela que incomoda o olho. Senta-se na poltrona da sala pensando no dia maldito que começa. Liga a televisão. Jornal já começou. Segura a caneca do café com as duas mãos e a leva à boca. A alguns dedos de distância, sente-lhe o cheiro. “Ah! Ainda bem que existe café!”

acabou 2016

O último post do ano. Este ano foi fraco. Este post demorou mais de seis meses para ser acabado. E ainda acho que o publiquei com alguns erros, ou vários, por preguiça de revisar. Sentado aqui no quintal, aproveitando o fresco da noite deste verão maldito, tablet no colo, um belo charuto cubano na mão direita. À esquerda, uma cerveja, a mochila do trabalho. Espero uma ligação para trabalhar numa manutenção que já rendeu discussão entre os colegas e os gerentes. Debaixo da copa das árvores que são plantadas na calçada da rua do lado. Já ouvindo os fogos, cinco para a meia noite, quando o publiquei. 

Agora, poucos minutos depois, já é 2017 e os fogos estão a toda.

Meu apartamento é virado para a paulista. E ela fica aqui perto mesmo. O quintal é na beirada do Espigão, do outro lado. Primeiro ano novo que passo aqui, procurando paz para trabalhar. Nunca tinha percebido como daqui dá para ver tantos fogos também. Não da Paulista ou do Anhangabaú (será que ainda comemoram Réveillon lá?). Lapa, Pinheiros, Butantã, Osasco, Tamboré. Acho que a vista chega quase a Pirapora.

Fica sendo este o primeiro post do ano. Ano estoque começo sem música minha, mas com a da festa dos vizinhos barulhentos.