Listas

“E a mina da recepção?”
“E aquela mais próxima do elevador?”
“E a secretária de fulano?”
“E aquela que veio falar contigo hoje de manhã?”

Não chegava a ser um interrogatório porque ele também respondia às perguntas. Era o Antônio comparando meu gosto por mulheres com o dele. A história começou com outra das constante acusações dele de que eu não gosto de mulheres bonitas e tenho queda pelas muito zoadas.

Era hora do almoço e a Lili sentou ao nosso lado e pode pegar boa parte da conversa. “E eu?” Antônio olhou-a com receio, mas eu, Joselito, o instiguei a continuar.

“Lili não conta porque está ouvindo e isso influencia a resposta. E a do caixa do restaurante?”

“A da primeira mesa junto à porta?”

Ao final, Antônio se disse surpreso. Nossas listas eram quase idênticas, guardadas poucas divergências inconciliáveis. “Poxa, achei que você fosse um total cata-bagulho! Nossos gostos são quase iguais!” E, antes desse comentário, eu achei que ele fosse mais elegante do que eu.

Lili retrucou de pronto, antes que eu concordasse com ele (e concordaria).

“Os gostos de vocês são totalmente diferentes. Olhem as diferenças nas listas e as caras e comentários que vocês faziam para cada nome. Você gosta de mulheres bonitas, quanto mais loira e mais magra mais entusiasmado fica. Portuga gosta das simpáticas e fica mais entusiasmado com as que mais contato tem com ele.”

O comentário estendeu o almoço e o café dos três. Foi assunto ainda algumas vezes. Na hora senti um orgulho de ser diferente, de valorizar algo além da beleza. Até hoje me lembro. Mas hoje uma dúvida me bateu e reflito algumas coisas. A pouca diferença das listas. Será que, suponho, nós três, embora valorizemos coisas diferentes não confundimos várias vezes beleza e simpatia? Não serão dois conceitos com áreas cinzas comuns? Sou mais fútil do que pensei e ele menos?

Mas, afinal, continuo gostando do que gosto e preferindo quem prefiro, sem pensar porquê. Ao menos até virar de novo assunto de conversa de desocupados.

Borboletinha

Quando criança, sempre imaginei por onde andam os passarinhos à noite. Passarinhos, borboletas, joaninhas, esses bichinhos bonitos e frágeis. Será que a noite é feita só para os pernilongos nos atazanarem e serem comidos pelos morcegos?

Imaginava ninhos secretos escondidos. Inúmeros ninhos , já que eu também achava serem inúmeros os pássaros que existem. Ninhos engenhosamente camuflados, como em tática de guerrilha, à espera do sol.

Quando cresci, não pensei muito mais nisso, mas ainda acreditei nos ninhos escondidos que ninguém consegue encontrar.

Um dia, após o trabalho, no caminho do escritório para a cozinha, para pegar um café e me jogar na poltrona a assistir um filme, aqueles filmes de sempre: repetidos e mal-dublados, algo passou voando pela sala perto da janela.

Pensei que fosse um pardal. Esse passarinho que os portugueses trouxeram e ninguém respeita de tanto que se espalhou por aqui. Logo fiquei preocupado imaginando a dificuldade em tirá-lo dali. Tenho aflição, medo mesmo de pegar passarinho na mão e machucar-lhe as asas ou os pezinhos finos. Olhei na direção da janela, depois pela sala ao meu redor, nos corredores, na cozinha, do lado de fora da janela, e nada.

No dia seguinte, pela mesma hora, quando já voltava da cozinha com o café, entrou de novo, deu uma volta pela sala, voando devagar, e, também de novo, saiu pela janela. Me atrapalhei equilibrando a xícara, e de novo não o vi bem, mas notei que era grande e colorido. Tomei-o então pelos papagaios, que há alguns soltos aqui pelo bairro. Coisa de um padre doido que, uns cinquenta anos atrás, soltou um monte de passarinhos por aqui. Canários, sanhaços, papagaios, periquitos.

Embora, curioso, eu tentasse lhe faltar e prestar atenção, levou ainda alguns dias, algumas visitas suas, para eu realmente percebê-lo. E não tenho ainda certeza se foi por tanto tentar e nisso desenvolver alguma técnica especializada ou se foi só por ter ele se acostumado a mim ou criado tanta confiança em suas habilidades de fujão que um dia bobeou e se deixou flagrar.

Era uma borboleta, delicada, de colorido simples, bege, preto e laranja e amarelo, — talvez aparentada das onças e tigres, uma borboleta-leopardo! quem sabe?— arisca como costumam serem, mas mais rápida e orientada que qualquer outra que possa existir.

Até hoje, não sei o que queria, mas ela começou a aparecer com freqüência e a ser presença e companhia constantes.

Toda borboleta já foi lagarta, esse é um tema bem explorado nas escolas, nos livros infantis e nos de auto-ajuda. Ela sabem bem da importância de serem bonitas. Devem ter muito orgulho e vaidade por isso.

Talvez ela fosse curiosa pelo contraste de se comparar ao gordo narigudo que só faz a barba no fim de semana, quando ela já coça, que não tem preocupação em pentear o cabelo, passa o dia descalço, com a camiseta amarrotada, toda manchada, que serviu de pijama, só de cuecas. Que quando põe uma calça em casa, no frio, é algum moletom velho, alargado desbotado e já roto no cavalo.

Deve se sentir como a rosa do pequeno príncipe.

Acostumei-me a, mesmo no frio, deixar abertas a janela e as cortinas da sala. A manter uma rotina que lhe fosse previsível e a não tirar do lugar, ou pôr-lhe mais à vista, as coisas que pareciam lhe agradar ou chamar a atenção. Como chocolate e morangos, que eu nunca a vi comer, mas deixava onde ela costumava pousar, e a via olhando. Creio que não tivesse como cheirar.

Eu a aguardava e ficava preocupado quando demorava ou pulava o dia sem aparecer.

Passei a trabalhar até mais tarde. Aí com uma garrafa de vinho aberta na mesinha ao lado do notebook. Por esse tempo, ela já parava a ver-me trabalhar. Na maioria das vezes, chegava de mansinho, no seu passinho totalmente silencioso das patinhas finas, quase invisíveis, ou do bater de asas que só faz um ventinho suave. Pousava elegante em algum canto atrás de mim. Fuçava por cima de meus ombros o que eu escrevia, ou talvez pensasse noutras coisas, em sua própria vida. Se eu saía e deixava o escrito ali, calhava encontrá-la olhando-o.

Nunca bebeu vinho comigo, mas uma vez a pousou na borda da minha caneca de café. Bebeu um pouquinho. Ornou-a como uma flor sem perfume no vaso improvisado.

Acostumei-me a falar com ela das coisas que antes falava sozinho, o que foi muito bom para dissimular minhas loucuras excêntricas de misantropo.

Achava elegante sua sem cerimônia ao ir embora, sem alarde, apenas levantava voo, sem que eu, mesmo que a estivesse vigiando, a percebesse começar a bater as asas, e saia pela janela como quem acorda assustado do cochilo e sai correndo atrás de algo que deixou por fazer.

Por fim, depois de um ano ou dois, sumiu. Deve ter mudado de ares e janelas. Quando me lembro dela, tenho medo de que um sapo nojento a tenha pego ou que esteja na coleção de alguém.

Borbo Choco

img_0057Eu nunca gostei de morder o chocolate. Isso é coisa de gente apressada que não sabe saborear. Chocolate é para ser saboreado. Também é melhor quando está quente, já meio derretido. Por isso, gosto de deixá-lo junto a mim um pouco para amornar antes. Deixar a língua lhe lamber escondido na boca para que derreta aos poucos. Fica por um tempo na boca, lambuza por dentro, suja os lábios. À noite, depois de um, gosto de sair para tomar ar, atrás de um café.

Vaso no Café

Eu tenho saído cedo do trabalho. Bem mais cedo que o normal. Estou participando de um projeto no escritório de um fornecedor e, lá, eles só trabalham até as quatro.

Eu, de manhã, saio de casa no meu horário normal. Mas volto mais cedo do que se estivesse trabalhando no meu escritorio.

Pensei no esquema. Já tem algum tempo que as coisas andam tensas para meu lado, e cada dia mais tensas. Preciso relaxar. Os homens normais, uma ou duas vezes por mês, tradicionalmente no dia do pagamento, matam algumas horas no trabalho, estendem o almoço, para ir a um puteiro ou uma casa de massagem. Eu não entendo direito a diferença, nunca fui nem num nem noutro. Acho estranha a ideia, embora inveje, inveje muito, quem tem vontade e cara-de-pau suficientes para ir.

No meu bairro há muitas casas de massagem. Provavelmente ali e as cercanias do aeroporto sejam as duas principais regiões desse tipo de meretrício. O esquema? Estressado, não me custa parar numa delas no caminho para casa e relaxar lá um pouco.

Procurei na internet, a ideia ainda me parece bem estranha, de repente, o site de alguma delas me ensinasse como funciona. Imagino: você entra, pede o cardápio (vem impresso ou há uma espécie de balcão?), pergunta sobre as especificações e capacidades de cada uma, talvez explique o serviço e peça orçamento (seria preço fechado?). A manutenção desse tipo de estabelecimento deve ser ilagal (senão, porque chamariam de casa de massagem?). Provavelmente, o sujeito tem de usar meias palavras, eufemismos, algum código secreto? Por exemplo, massagem oral. Meus amigos me zoariam muito se lessem sobr essa procupação. Lembri-me de que ia passar por Pinheiros. Lá há vários forrós com cara de esconderem puteiros, muitos sobrados sobre bar que distribuem panfletos sugerindo serem isso mesmo. A aparência externa desses lugares é horrível. Não consigo imaginar um homem saudável se habilitando a comer uma mulher na sobreloja de um bar onde eu não teia coragem de pedir uma garrafa de água mineral. E olha que não sou particularmente fresco com isso. Mas Pinheiros, se têm desses lugares zoados, talvez tenha alguma coisa boa também.

Pela Internet, achei uma casa ou clínica, como queiram, que, pelo site, parece boa. Há fotos do lugar, parece limpo e arrumado, e das massagistas, também pareciam. Liguei para pedir informações. Eu devia ter feito uma entrevista com a telefonista, perguntado detalhes, pedido para falar com o departamento de vendas, com marketing, com a enfermaria, perguntado se sobre treinamento para acessar os serviços da casa. Mas só perguntei o horário e confirmei o endereço que estava no site. No caminho para casa, não tive de me desviar mais do que cinqüenta metros para passar em frente, numa rua movimentada, um sobrado roxo com janelas escondidas atrás de treliças de madeira. Três vagas na frente, ocupadas por uma moto com baú e um jeep mal estacionado. Como alguém tem coragem de estacionar na porta de um lugar desses? A porta está aberta. Logo depois dela há um que ra-sol. O que faltava seria o sujeito ficar na calçada tocando campainha e esperando lhe atenderem a porta. Ainda assim, não consigo me imaginar entrando por aquela porta, lá dentro deve parecer aqueles balcões de recepção de salão de beleza, cumprimentar a recepcionista e falar… ainda não imaginava o quê.

Dei meia volta no quarteirão e voltei um pouco, até uma livraria minha conhecida, para estacionar. Deixei o carro, pus a mochila nas costas, entrei e fui ao banheiro para dissimular (dissimular de mim mesmo, pois ninguém me prestava atenção) e, também para dissimukar, andei um pouco para o lado contrário ao do estabekecimento que pesquisei. Era um pedaço mais comercial e mais popular do bairro. Ainda há por ali alguns puteiros (falo dos que reconheci como tal, pelos neons ou pelos porteiros de roupa da Dorinho’s. Passou-me pela cabeça que talvez dê para classificar esses lugares pela roupa do porteiro. Afinal, deve haver muita diferença entre um lugar onde o porteiro fique na calçada, encostado à parede de camiseta, outro onde o porteiro tenha uma cadeira, também na calçada, de camisa aberta, um teceiro de porteiro sentado à porta, do lado de dentro, antes do quebra-luz (esses lugares gostam de quebra-luz), de camisa pólo, um quarto, com o segurança em pé, embaixo do batente, de camisa e, finalmente, o quinto, dois porteiros-seguranças (leões-de-chácara?) de paletó, do lado de dentro da porta. Pensei que talvez por ali encontrasse algo mais discreto ou convidativo (já sabia que era uma hipótese pouco provável).

Óbvio que não encontrei. Vi só uns lugares de aparência externa muito esquisita. Pela má conservação da fachada, entrada e exterior dos estabelecimentos (e dos porteiros também), fiquei imaginando o desleixo (com higiene mesmo) das garotas que trabalham lá. Achei que precisavam exigir que seus patrões buscassem apoio de marketing. Na porta de um, um porteiro me deu um santinho, que peguei por reflexo. A textura do papel ou da impressão era estranha. Pareceu-me ensabado, morri de nojo. Abri a mão para deixá-lo cair no chão.

E comecei a andar de volta, na direção da livraria, para lavar a mão e ir à outra casa, a que pesquisei na Intenet. Lavei a mão no lavabo do café da livraria e tomei o caminho, pela rua de trás. Imaginei se não chegaria suado da caminhada. Talvez isso fosse besteira, cinco ou seis quarteirões só, sem sol nenhum, ameaçava chover. Imagino que quase ninguém se preocupe com isso, mas pensei se não seria falta de consideração e, mais do que isso, de respeito mesmo, com a garota que me atendesse.

Pensei em como a escolheria. Não tem como rolar clima. Como dá pra pegar alguém sem rolar clima? Eu ia broxar. Não era medo de que acontecesse. Era só a constatação de que aquilo não me excitava o suficiente. Pensei então no que faria com ela. Logo de cara me lembrei de beijar. Não pode beijar? Gosto de beijar, muito, muito mesmo. É a melhor parte. E gosto não só de beijar. Tenho alguma fixação com minha boca. Me lembro de um comentário de um colega sobre chegar no trabalho com sapinho e todos já saberem o que ele fez na noite anterior. Também me lembrei de outro colega, putanheiro viciado e confesso, boca cheia de herpes. Estar com uma mulher e não poder beijar não adianta pra nada.

Como é possível chegar aos finalmentes sem colocar a boca em nada? Lembrei-me também de uma cena que vi à noite, passando por uma rua escura, tentando fugir do trânsito, na volta para casa. Um sujeito com os braços para fora do carro, bolinando, com uma mao na bunda e outra na frente, o que, provavelmente, era um travesti, em pé na calçada. O carro era uma casca de metal de onde saíam seus braços. Não se encostavam mais que isso. São situações muito diferentes, mas o distanciamento profissional esperado da massagista, me parece uma experiência tão distante quanto a do sujeito encasquetado no carro.

Procurei estruturar o eu faria. Diria a recepcionista para me trazer o menu, esperaria ser servido, prato posto, talher a mesa… não entrou na minha cabeca. Ainda assim, decidi insistir. Um dia teria de fazer algo assim. Mas, graças a Deus, começou a chover e tive uma boa desculpa para desistir da idéia.

A chuva foi bem desculpa mesmo. Tanto que voltei à livraria com pouca pressa, sentindo o começo de chuva cair. E me sentei no café, com raiva de ter desistido, e também um pouco envergonhado da chuva onde me escorei, ao olhá-la pelo vidro e ver que era menos que uma garoa. Talvez eu sempre comece tudo planejando já como desistir. Principalmente as coisas que me parecem erradas. Tenho inveja de quem consegue fazer merda. De quem consegue se vingar do mundo fazendo o que lhes ensinaram ser errado.

Chamei a garçonete e quando ela me perguntou o que queria, tive vergonha de ainda não ter pensado nisso. Para não parecer patético, falei a primeira coisa que me veio na cabeça. Pedi café e pão de queijo que eu não queria. Ainda assim, reparei que ela foi embora, sorrindo leve, simpática. Reparei em seu corpo, normal, mas bem feito. Acho bonito a mulher ter corpo normal. Mas também tive vergonha de reparar isso nela que estava ali para me servir café e não para aturar olhares de quem é travado demais até para pegar puta.

Resolvi tentar de novo amanhã. Peguei o celular para procurar outros lugares, outras clínicas, talvez algo mais adequado para dummies, beginners e sociopatas. Não achei, mas também não tive muita paciência de peocurar. As considerações eram as mesmas sobre todas. Mesmo sem tentar, sabia que não iria gostar. A garçonete trouxe meu café e pão de queijo e viu a tela do meu celular. Não dava para ler a letra miúda, mas dava para ver algumas fotos de peitos, bundas e penis enlargers de banners de propagandas ao redor dessas letras miúdas. Ela não me pareceu ficar sem graça, imagino quantos idiotas como eu vêm aqui, mas fiquei chateado. Me senti lhe faltando com o respeito.

Tomei meu café, duplo, pois o tamanho normal é pequeno demais, e comi o pão de queijo, muito rápido. Eu queria enrolar, mas não consegui, tudo couve na minha boca e desceu pela garganta em uns quatro bocados esganados. Engoli sem sentir gosto. O pão de queijo estava gelado. O café me deixou o estômado ardido. Olhei de novo o telefone. Procurando o que fazer. Não tinha o que fazer e não queria desperdiçar as horas de ócio que consegui à tarde indo para cas. Por isso, amanhã, eu precisava voltar àquele lugar que vi na Internet, levaria uma garota para cima (ou mais certamente ela me levaria) e a veria me olhar com olhos profissionais de quem cumpre o dever. Não teria o que conversar com ela além de futilidades. Lembro de um lugar inde trabalhei e o restaurante onde almoçávamos dia sim, dia não. A comida era horrível, mas meus colegas gostavam de lá para ficar de papo furado com as garçonetes. Como eu odiava aquelas conversas cheia se futilidade! “Hoje eu vou na balada tal, amanhã na outra. Vou comprar sapatos mais baixos porque…” E meus colegas fingindo prestar atenção. Eu só teria tempo de conversar futilidades com a garota da clínica. E não a conheceria para contar-lhe ou ouvir-lhe segredos, nem para ter o que lhe admirar. Provavelmente, me irritaria e iria embora antes do final, para procurar onde tomar um café como este. Comecei a ficar com vontade de chorar. Olhei pro lado. não conhecia ninguém. Normalmente escrevo quando estou assim. Nem disso tinha vontade. A vontade que foi aumentando foi a de chorar e eu nem sabia que estava triste. A garçonete notou isso ou que meu café acabou e me perguntou se eu queria mais. Sem prestar atenção, repeti o pedido, logo me arrependi, ia engordar e o pão de queijo gelado nem valia a pena.

FlorEnquanto ela foi buscar, olhei para a mesa. Reflexo de quem se descobre encabulado. Só então doarei, de rabo de olho, so entao, reparei um vasinho de flor na mesa. Desses que floriculturas online colocam espalham por aí para servirem de propaganda. Eu gosto de flores e olhei essa. Era linda. Parecia pintada com capricho com lapis de cor. Linda! Vi no vaso a etiqueta do site onde eu gosto de comprar flores. Às vezes passeio por ele só para ver os arranjos disponíveis e imaginar uma situação adequada para presentear com cada um. Aquele vaso não era um arranjo. Só um tubinho de água clara com uma única flor. E ela era linda. Toquei as pétalas macias, bem de leve para não machucar. Eu queria dar para alguém uma flor igual àquela. Eu queria contar que a tinha visto e achado linda. Não se entra em clínicas de massagem com uma flor na mão. Disso tenho certeza. Olhei em volta. Não conhecia ninguém. Não tinha pra quem dá-la ou falar dela.

Tirei uma foto e peguei o notebook pra escrever, o rascunho disto, conseguir.