Pedi, no caixa, meu café-com-leite e torradas.
Não almoço em domingos e feirados. Acordo tarde, tomo café na padaria: dois cafés-com-leite e dois pães com manteiga, sem miolo. Depois, à tarde, lá pelas três ou quatro, faço um lanche. Gosto do café-com-leite com torradas daqui. Acompanha cream cheese e geléia. Apesar do açúcar, que não gosto, como a geléia também. O café quebra o doce. Peço também um chá preto ou de hortelã. Ajuda a tirar o gosto de açúcar da boca.
Na fila do balcão, para retirar o lanche, olhei a vitrine das coisas que não posso olhar antes de fazer o pedido. Sempre tem um bolo diferente e eu olho curioso. Hoje o bolo era de… abóbora!
Engraçado, até ontem eu nunca tinha visto bolo de abóbora. Há dois dias, falei uma coisa sobre abóboras, lembrando do conto de fadas, acho que é da Cinderela essa história. E ontem, por coincidência, quando pensava nisso, vi um bolo de abóbora num café no meio da estrada. Curioso e encantado, comi um pedaço. Era uma delícia açucarada! Odeio açúcar. Soube-me ao doce de abóbora da avó. Minha avó fazia o doce de abóbora com pouco açúcar e bem apurado. Ficava doce de tanto cozer. O bolo era muito parecido. Com bastante gosto da abóbora e de cravo.
De lá para cá, ainda me lembrei algumas vezes da Cinderela e de sua carruagem puxadas por ratinhos. Hoje, mais uma coincidência, outro bolo de abóbora, noutro café. Este de hoje, não tem a mesma cor-de-abóbora do de ontem. É bem clarinho. Se me dissessem que é de abobrinha, eu acreditaria, pela cor. Preciso comer um pedaço. Tive de sair da fila, voltar ao caixa, e pedir um pedaço dele também.
Na mesa, tratei de comê-lo antes
das torradas. Com este decepcionei-me. Insosso. Não senti gosto de nada. Nem do açúcar que não gosto. Comi tudo para não fazer desfeita à fada madrinha, e para não ofender São Francisco, como dizia minha avó.
Preciso voltar ao original, é muito melhor.