Ela me entregou o café e, a propósito, estava muito bom. Eu quis puxar conversa. Ela é uma garota simpática, ia me distrair.
Mostro a piada que me enviaram no celular, sobre um café. Ela parece que não achou graça, a expressão não mudou, como se ainda procurasse o final, e a graça.
Reparou noutra coisa: “Por que você fez isso com as suas cutículas?”
Para falar a verdade, eu nem sei o que é isso. Imagino. Tenho o costume de cortar as unhas umas com as outras. Sou bom nisso. Acabo raramente precisando de tesoura. Minha unhas estão sempre curtas. Mas, volta e meio machuco o dedo. Ou na ponta, onde termina o dedo e se corta a unha. Tem uma pelezinha ali, que vem de debaixo da unha, que, quando criança, me ensinaram a chamar de sabugo. Ou dos lados da unha. Aquele pedaço do dedo que a cobre. Estavam bem machucadas mesmo.
Perguntei o que é cutícula, ela não deu uma resposta convincente de quem sabe, quis saber se eu fiz aquilo com os dentes.
Disse que fiz com as próprias unhas e desconversei, não quis mais conversar. Ainda bem que ela teve que fazer outro café.
Me escondi fuçando no telefone. Não quis mais conversar. Ela podia reparar nos lábios. Nessas pelezinhas que eu arranco sem querer quando estou muito chateado. Para isso eu não acharia uma desculpa esfarrapada.