“The Best Song Ever”: já vi várias músicas com esse título. Vi. Acho que ouvir não ouvi nenhuma. Curiosamente, todas eram de artistas que eu duvidava poderem fazer algo bom.
O lugar comum diz que gosto não se discute. Não se discute porque não faz diferença, cada um que goste do que lhe convém. E que não ouça nos próprios fones sem incomodar os outros. Sem me incomodar.
Música então, logo que se começa a estudar música, uma das primeiras coisas, se aprende que música é algo abstrato, não é concreto, não dá para ver ou palpar, depende da tecnologia disponível, por mais básica ou rudimentar que seja. É, das artes, a mais particular de cada cultura. Esculturas, quadros, teatro, todos têm mais ou menos os mesmos temas e formas. E são inteligíveis para o leigo na cultura do povo que os produziu. Música não. Para apreciar uma música, é necessária uma familiarização básica com a cultura de onde ela provém. Com os padrões produzidos, familiaridades, histórico, as demais manifestações. Leva tempo para reconhecer as sutilezas por trás de cada uma.
Não faz sentido tentar empurrar uma música ou um tipo de música a quem, sabe-se, não gosta.
Pessoas que compartilham gostos musicais, via de regra, compartilham experiências que lhas tornam familiares. Podem sem associações com as músicas que ouviam em programas na infância ou dos lugares que freqüentavam com os amigos no tempo da faculdade. Ou mesmo podem ser sentimentos ou coisas que gostariam de dizer e ouvir e que estão nas letras dessas músicas.
Quando vejo uma música com esse título, logo imagino que seja a melhor de sempre para quem gosta daquele artista, até que apareça outra melhor.
Eu tenho várias músicas preferidas, são as melhores de sempre, tenho consciência de que, talvez, só para mim.
Algumas músicas, aconteceu de saírem da lista depois de um tempo. Outras, de entrarem, sem explicação, mesmo já sendo conhecidas e não tão apreciadas antes. A lista é mutante, espero que em função de uma constante evolução minha. Espero.
A única música que para mim poderia ser definitiva, seria uma que dizesse tudo o que eu sinto. Não no momento, mas no que sou. Sobre quem quero, para quem quero. E sobre mim, também, para esse mesmo alguém.
Começaria alegre como um encontro. Feliz com o conhecimento e reconhecimento. Se emocionaria com aceitação mútua. Depois de um trecho com letra não necessariamente longa ou curta, de tamanho exato, para dizer o exato, com todas as palavras carregando o sentido e o sentimento certo, chegaria a um interlúdio, de um longo abraço emocionado, com lágrimas quase caladas, discretas, particulares. Seria o sinal para que o resto do mundo deixasse o recinto e nos deixasse a sós.
Seguiria-se um ritmo só nosso, que ninguém mais entenderia, combinado com nossas respirações, as batidas dos nossos corações, nossos olhares, nossos gestos, movimentos, sorriso, cansaço, com cada novo tocar e recomeçar e descansar e conversar e acordar felizes.
Essa coda, se estenderia até um de nós dois ter de partir, inevitavelmente, no ápice final.
Ficaria eternamente na saudosa memória de nós dois, felizes por termos vivido junto de quem tivesse a mesma melhor música de sempre.
Toda vida, toda passagem, toda história, todo alguém tem uma trilha sonora….
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esse eu achei que você não tinha lido 🙂
escrever uma história também é compor uma trilha sonora
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Sim… Já havia lido mesmo… 😉
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😉
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