saudades

Saudades que batem dos trens que passaram para vários destinos e não peguei. De tantas festas, tantos carnavais que não me fazem falta. Da perna que nunca quebrei. Da vergonha que nunca passei. Do filme ruim que assisti anos depois da estreia. Da cadela de estimação que o pai enterrou por mim. Do caixão de meu irmão que minha mãe me pediu para não acompanhar. Da comida sem sal da avó e do time ridículo do avô.  Da professora que elogiou meu verso, da que ficou zangada por eu não querer escrever e da que ficou vermelha quando percebeu que eu escrevia sobre ela. Saudades do vacilo com a mina de quem eu tanto gostava e recusei até mesmo beijar porque, trouxa que sou, achei que tinha obrigação maior a cumprir. Saudades de quando eu fôr muito velho e tiver só saudades para me fazer sorrir. Saudades de não estar agora cansado a ponto de me arrepender de ir-me ao cansaço. De não aparecer para te dar boa noite ou ao menos dizer que vou ter saudades. Saudades da lua que, por certo, não aparecerá na noite de amanhã e das estrelas que não me importam se não houver lua. Do medo. Do choro do arrependimento. Mas desse não preciso ter saudades. De qualquer jeito ele vem…

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