O som se espalha por toda a sala. Mas é como se estivesse só em torno de nós dois, nos abraçando. Você linda, sentada ao meu lado, com o vestido que me pediu para ajudar a escolher. Eu escolhi o que me deixava ver melhor seus ombros e suas pernas. Para o vestido nem olho. Te olho, de rabo de olho, discreto. Você sorri.
A música parece querer dirigir o que eu faço. Me dá vontade de encostar. Seguro tua mão, ela está sobre tua canela, você tem as pernas cruzadas. Abaixo a cabeça e olho nossas mãos. A música toca suave agora. Com um dedo, dois, sem soltar tua mão, brinco de seguir o contorno do músculo de tua perna, mais próximo ao joelho do que ao calcanhar.
O contrabaixo deixa tudo mais tenso, denso. Tenho vontade de te abraçar, de te trazer bem junto a mim. Mexo meu braço, sem soltar tua mão ainda, para deixá-lo bem encostado em teu corpo. Você o abraça e se encosta bem em mim. Gostei.
A música se acalma de novo. Já é tarde, estou cansado, tenho sono. Fecho um pouco os olhos, mas com medo de cochilar. Sinto melhor o teu calor. Ainda acordado, sonho por segundos que estamos noutro lugar.
Algo de metal suave me acorda disso, mas não demove. Ao contrário, tomo consciência. Tenho vontade de me deixar sobre você, te abraçar, aconchegar mês braços nas tuas costas e te beijar, bem devagar e suave… A música também já está muito, muito devagar e suave agora… até você levantar seu joelho em torno de mim.
Quando isso acontecer, que seja numa fanfarra, num solo de guitarra, numa cadência de percussão… mas que seja muito demorada e profunda, enquanto me faz sonhar com você.
Lindo! Lindo texto…
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Música aguça muito a minha imaginação.
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