Eu quero pegar uma bebida, mas primeiro vou ao banheiro. Tem graça depois ir ao banheiro de copo na mão. Desço a escada para o banheiro já pensando na fila, mas não há. Claro, não há fila, mas o chão perto do mictório está todo mijado. Eu tento fazer o meu xixi direitinho, dentro da cuba do mictório, de perna aberta e na ponta do pé para pisar o mínimo possivelmente dos outros. Estes banheiros são assim. Sorte minha ser equipado para mijar em pé. A torneira está ruim. Tenho de apertar umas três vezes para conseguir lavar as mãos. Este sabão não vou usar, tem cara de ser fedido. Não tem toalha de papel e daquele secador eu não gosto. Seco as mãos nas calças mesmo, enquanto subo a escada.
Agora sim a bebida. Aqui ao lado o pessoal faz um chá gelado muito gostoso. Eu pego dois copos, dos maiores, de chá verde, ajuda a emagrecer. Vou esperar o gelo derrete antes de beber, pra ficar bem gelado.
Faz parte do plano não almoçar nem jantar. Mas tem o balcão da padaria. Eu adoro pão. Pego um que vale por dois. O os dois copos na mão, seguro o saco do pão pelo no, por entre os dedos. Fica firme, mas as mãos cheias chamam a atenção. O pessoal olha pra mim. Dois copões, um pão grande. Não combinam com eu estar sozinho.
Cumprimento o porteiro, já somos conhecidos, todos esses anos… Ele me cumprimenta sorrindo. Desço os degraus e me sento. O saco do pão no colo, cada copo de um lado. Teclo pros amigos onde estou. Teclo no facebook também. Não para os outros. Eu o uso para me lembrar depois. Pego da mochila um lápis e o caderno que cabe no bolso. É no bolso mesmo que os deixo, para se quiser anotar algo para escrever depois. Desligo o telefone. Abro a boca do saco do pão e encosto a cabeça para trás com os olhos fechados.
As luzes começam a se apagar. O filme já vai começar.