Sol-Nascer

Quando nós deitamos ontem, a promessa foi de acordarmos cedo para juntos vermos o sol nascer. É para isso mesmo que eu fiz questão de ter no quarto uma janela tão grande, quase a parede toda, de cima a baixo, de lado a lado, e de ter a cama nessa posição. É só deixar a janela aberta que o nascer do sol me acorda cedo pela manhã.

Mas descobri que você é muito dorminhoca. A luz do sol, que logo me despertou, não foi suficiente para você. Devia estar cansada também. Tive de lhe cutucar algumas vezes. Com cuidado para não lhe assustar. Quando consegui que acordasse, o sol relutava em nascer, aparecia e se escondia de novo. Você abriu o olho de pronto, embaçado, atrapalhado pela claridade que vinha da janela. Abriu-o rápido e fechou-o novamente, e de novo, e de novo. Apertou-os com as pálpebras e esfregou-os de encontro ao travesseiro. Piscou mais uma vez, olhando para mim.

O céu, meio que oval, alongado nos lados, branco branco. O sol, castanho, marrom, um tom desses. O tom eu já conheço e sei encontrar, seu nome não sei, não entendo de cores. Brilhava de lindo. Enfeitou seu sorriso e abriu o meu.

Foi o mais bonito nascer do sol que eu já vi. Desse sol que eu já conhecia. Mas pela primeira vez vi nascer na minha cama: seus olhos se abrindo.

2 comentários em “Sol-Nascer”

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