“Senta aqui do me lado.”
“No chão?”
“No chão.”
Ela se sentou, não se importava em sentar no chão. Perguntou por perguntar. Ele gosta disso.
“Pega.” Ofereceu-lhe uma fruta e um copo de suco.
Ela pousou o copo no chão, a seu lado, e segurou a fruta para comer.
“Não come ainda. Atrapalha beijar.”
“Beijar?” Ela riu da cara de pau dele.
Ele pôs-lhe no rosto, do lado oposto, a mão, cobrindo a bochecha e a orelha. Aproximou-lhe o rosto do seu com carinho e beijou-lhe a bochecha do outro lado, o que estava mais perto de si. Teve de se torcer um pouco para isso, o beijo saiu meio torto. Sem querer, muito perto da orelha. O nariz tocou-lhe os cabelos no começo do pescoço e ele sentiu o cheiro gostoso de seu perfume. Esse perfume lhe fez pensar. Ele demorou um pouco nessa posição, mas só pensava. Achou então que havia passado do limite, e a soltou.
Ela quis fazer-lhe graça, ou provocar, ele não tinha certeza: “Achei que era outro tipo de beijo.” Sorriu sapeca.
Ele então se inclinou em sua direção, abraçou-lhe a cabeça com as duas mãos. Trouxe-lhe o rosto junto ao peito e ao pescoço. Deitou sua cabeça sobre a dela. Muito rápido, afrouxou o abraço. Antes de soltá-la, ainda abaixou um pouco sua cabeça e beijou-lhe a testa, queria falar algo e não sabia o que.
Quando a soltou e se sentaram novamente como antes, olhando o jardim, ele ainda achou que tinha que completar: “Eu também achei.”