Já disseram que esta música é a minha cara, que dá pra me imaginar logo ao ouvi-la. Eu achei engraçado quando me disseram isso, ela não parece com o tipo de música que eu espero me pegar ouvindo. No entanto, é sim uma música que significa muito pra mim. É uma daquelas músicas cheias de coincidências, histórias paralelas, entrelinhas, que se trança em mim.
Uma das lembranças que eu tenho mais bem guardadas, com carinho, da infância de minha filha é de uma madrugada, eu sozinho na sala, bêbado, triste, não me lembro mais porquê. Provavelmente os motivos de sempre. Eu assistia o vídeo desse concerto.
Logo antes desta musica, minha filha acordou e veio à sala pedir pra ficar comigo um pouco. Dizia ter perdido o sono. Ficou toda alegre, sorridente e festeira porque eu deixei.
Quando esta musica começou, eu a abracei, pus em pé no pufe do meio da sala, é um pufe grande que serve também de mesa de centro, e improvisei uma dança com ela. Era uma dança sem passos ou coreografia, logo virou uma brincadeira divertida de abraçá-la, apertar, chacoalhar, atirar e rodá-la pelo ar. Jogar para cima e para baixo, pulando, feito uma dupla de doidos. Acho que, no fundo, éramos.
Quando a música acabou, ela, tonta, se sentou ao meu lado na poltrona, a cabeça no meu ombro, assistiu comigo o finalzinho do vídeo e foi pra cama. E eu, de repente, fiquei mais feliz e dormi em paz também… meu coração fazendo bum bum bum
for the squonk was climbing up on Solsbury Hill