Não me julguem os que deixo pelas bateiras pretensiosas que digo em meu leito de morte. Pela condescendente mostra de pieguice que me permite a auto-piedade. Ou pelas observações filosóficas boladas de última hora por que se desespera em não ter dito ou mesmo imaginado algo de bom durante sua vida. Não me olhem, não falem, não me ouçam. Esqueçam tudo o que então eu fizer ou disser. Não chamem o padre para um arrependimento final, para a última chance de me desdizer. Talvez eu aceite, e isso eu não me perdoarei. Lembrem-se do passado, do que fui. Bom ou mal, é isso que sou. Principalmente não me olhem. Deixem-me quieto, sossegado. Dêem-me só paz e calor, por favor.

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