Borbulhas

Fazer chá gelado não tem segredo. Só precisa do chá quente bem forte e gelo. A água esquenta na chaleira elétrica, sempre tem água quente em casa. Pego três saquinhos de café, english breakfast. Pego aquele cronômetro em forma de ovo e ponho para marcar três minutos. Mais que isso é o chá fica com gosto de couve cozida.

Enquanto isso, vou na sala e coloco um filme na televisão. Na verdade é uma seqüência que eu montei com vários trechos musicados de filmes. Não quero prestar atenção no enredo, só ouvir música e recordar algumas imagens.

É o tempo da campainha do cronômetro tocar. Jogo os saquinhos de chá na cuba da pia, para eles não escorrerem no lixo. Completo o copo grande com bastante gelo e duas raspas de casca de limão. Foi o chá ou a música ou um filme, lembrei-me de alguma coisa.

Nesse momento, um um arco-íris, ou nuvens, ou borboletas, desceu do céu e mergulhou no meu copo, como bolhas de sabão, feitas de beijos e borbulhou, alegre, o amargo de meu chá.

Sentei-me no tamborete da bancada da cozinha americana, pelo lado da sala. Sentado de lado, costas para a parede, cozinha à esquerda, sala à direita. O cheiro que do chá quente ainda perfuma o ar e dá saudades de momentos só imaginados. Esperei o gelo derreter um pouco. Olhando aquele castanho-avermelhado bem escuro e pensando na vida.

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