a spirit with a vision is a dream with a mission
Saí mais tarde do trabalho, é a vantagem das férias escolares, acaba a correria, diminui o trânsito, não preciso de pressa, posso fazer e terminar minhas coisas com calma.
Mesmo assim, ver já tudo escuro e a lua bem nítida, brilhante, já no alto do céu, impressiona. É bonita, bonita demais, lá tão longe. Esta no crescente. Olhando daqui, as pontas voltadas para cima, ela parece um sorriso.
Tão bonita! Quero uma foto. Uso a câmera do celular. Tenho uma câmera tão boa que comprei estes dias, só para essas fotos mágicas. Nunca me lembro de trazê-la.
No LCD do celular, percebe-se fácil que a foto ficará ruim. O céu devia ser negro, totalmente, mas fica numa cor de não é nem preto nem cinza, é um papel escuto embolarão, manchado de cores impuras. São os postes altos de iluminação da chácara onde eu trabalho que atrapalham o foco e a nitidez.
Preciso de um lugar sem esses postes de iluminação artificial. Aqui em São Paulo, nos arredores de São Paulo, é difícil.
Eu esperei até mais tarde exatamente para poder fazer o caminho mais curto, rodovia boa, pedágio barato. Chegar em casa em vinte minutos. Mas o caminho que faço normalmente, a estrada pelo bosque que corta a serra, é escuro, os morros fazem corta-luz. São ao menos cinco quilômetros sem postes, estrada escura, sinuosa, perigosa, linda! Linda! No escuro dela, no alto de um dos morros, na estrada entre o bosque de eucaliptos e pinheiros, eu posso, quem sabe, conseguir um foco nítido da lua.
A tentação do incerto prêmio, talvez uma bela foto da lua no céu negro, é irresistível. É por ali que eu vou, pelo bosque.
Eu até já sei qual o melhor lugar para a foto, é logo no começo, no alto da primeira subida da estrada. Esse trecho é longo e é onde a estrada chega mais ao alto. Bem lá em cima, ainda há muitas árvores, elas fecham os dois lados da estrada. É sempre bem escuro. Se, dali, a foto não for boa, não será de nenhum outro lugar. É bolando isso que eu dirijo. Cuidado para, afoito, na pressa, não perder o controle do carro.
São cinco minutos, logo chego lá. Nem precisava de pressa.
Está frio, melhor pegar o agasalho. Tenho um moletom batido, vermelho, no carro. Esse moletom tem história. Visto, está fedido de guardado no carro.
Estacionei dentro de um terreno, subi a guia, não há calçada. Nem grade aqui. Acho que estão mapeando para construir um condomínio. Já não há tantas árvores e, subindo uns cem metros, há um morro, pelado, o mais alto daqui, sem iluminação nenhuma.
Subo. A terra vermelha suja meus tênis, xingo. Mas foda-se. E o frio incomoda.
Quanto mais subo, mais o vento incomoda. E não é só por subir. Cada vez venta mais, mais forte. É muito ruim.
Em cima do morro. Aliviado por terminar a subida e reclamar meu prêmio, sorrio e pego o celular, a única câmera que tenho. Miro a lua, bonita. O vento gelado, muito forte, incomoda, briga comigo, não quer eu eu tire a foto. Nem precisava, o foco, não sei porque, não entendo ainda o suficiente de fotografia, não está bom. O foco, a luz, a foto, nada fica bem. É uma frustração só.
Desisto da minha foto, da lua.
Ali, agora, estou só. Só com o vento e a ventania.
O vento quis lhe mostrar que as lentes mais poderosas que tirariam a foto mais linda de todas eram os seus olhos! Esse era o recado principal!
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😊 oooowwn 😚
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😚
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Conseguiu me arrancar um sorriso. E me deixar tããão contente.
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Que bom! Bom saber que ajudo a sorrir!!! 😄
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😚
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