Tenta imaginar:
Você tem medo de escuro? Eu não gosto do claro, fico muito visível, exposto, não gosto. Vamos dizer que seja do escuro que você não goste. Imagine, tudo escuro. Você não enxerga nada, nada mesmo. Nem as próprias mãos. Não sabe se tem algo à frente.
Frio, ninguém gosta de frio quando está desagasalhado e sozinho. E imagine que você estava, além de no escuro total, no frio, desagasalhada e sozinha.
Em pé, cansada. Você, nesse escuro, não tem idéia de algo onde se escorar.
Imagina só por um instante.
Para completar, começa um barulho que você nunca ouviu antes, não sabe se é de bicho, de máquina, de arma.
Mas só imagina, com cuidado.
Por que aí, você sente um abraço, e ele traz junto um agasalho, e uma voz carinhosa que te diz: “Vem aqui comigo.” E você conhece a voz e gosta, e descansa seu corpo relaxado no abraço. A voz te traz também uma luz que te mostra que não há perigo, mas que é fraca o bastante para iluminar só vocês dois. Vocês ficam ali, iluminados, e o resto do mundo é como se nem existisse mais. Depois de descansar um pouco, vocês começam a andar e ele se lembra de dizer:
“A gente faz assim, quando um fizer errado, o outro dá um abraço, um carinho e a gente procura um jeito de fazer certo… sem vaidade, só calma, paciência e carinho…”