For when it comes right down to it there’s no use trying to pretend
For when it gets right down to it there’s no one really left to blame
Blame it on me, you can blame it on me
We’re just sugar mice in the rain
— Marillion, Sugar Mice
Lingerie como ele gosta, aquela básica branquinha. Banho tomado, óleo cheiroso, muito bom o cheiro que esse óleo deixa. Unhas feitas, de castanho, cor dos meus cabelos, o salão foi corrido mas valeu a pena. Cabelo bem desembaraçado, com cheirinho do shampoo. Creme nos braços, no pescoço. Colônia, a que ele diz que deixa doido. Será que vai ficar mesmo? A camisola que parece camisa, é quentinha, está frio hoje, e eu adoro quando ele desabotoa e enfia os braços pra me segurar pela cintura pra me abraçar.
Ele não vai se lembrar da data, não tem problema, homem não lembra mesmo. Talvez seja até melhor, vai que a data tira a espontaneidade rs, independente da data, hoje e noite. Todo dia é pra se comemorar, toda noite também.
O cinema foi meio micado. E ele ainda ficou trocando mensagem pelo telefone com o pessoal do trabalho. Não era o filme que ele queria com o sujeito do MMA. Mas, poxa, também não era o que eu queria. Acho que foi um meio termo. Eu até que gostei, não era muito divertido, mas a mensagem era bacana, só a música dava sono. Ele não gostou, nem quis conversar sobre o filme no caminho, mudou de assunto para os impostos.
A champanhe está no freezer, coloquei antes de entrar no banho. As taças lavadas e já secas. Poeira e cheiro de armário não dá.
Cadê ele, não está na sala. Nem no quarto. Está no escritório, mexendo no notebook, telefone na orelha. O pessoal do trabalho não dá sossego. Eles não se viram sozinhos, precisam dele toda hora. E ele se orgulha disso.
Tento não xeretar, só faço um carinho e tento dar um beijo, mas o telefone atrapalha. Ele tira o telefone e dá um beijo com pressa. Faço cara de cachorrinho: “Você vai demorar?” Falo muda, só mexendo os lábios. Ele não gosta que falem quando está no telefone. Me faz sinal com os dedos, que eu entendo como “Só um pouquinho.”
Eu já ouvi isso antes, costuma demorar mais do que só um pouquinho, ele é que não tem coragem de falar. Acho que tem medo de que eu pergunte mais.
Pego o vídeo da Diana Krall. Não é tão cliché, gosto da idéia.
Deito na cama, só com o lençol e só até abaixo do peito. Fica fácil tirar quando chegar a hora.
Depois de um tempo, ele vem pra cama. “Já me arrumaram dor-de-cabeça pra amanhã de manhã. Vou sair cedo. Você põe o despertador pra te acordar depois?” Não espera resposta. Me dá um beijo e deita de costas pra mim.
Compreensiva, virei e fiz eu a conchinha nele. Mas logo me senti estranha e pensei que, se rolasse algo, não seria como eu queria. Rolei de volta pro meu lado da cama torcendo pra ele dormir logo.
Não pus o despertador, acordo na hora, sem precisar disso.
De manhã, ainda encontrei a garrafa de champanhe no freezer, congelada, o vidro rachado.
Triste realidade? Triste imaginação? Triste sonho?
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Uma tristeza.
Acho que só
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Acho que somos todos muito frágeis.
Alguns sentimentos talvez nos façam mesmo como de açúcar que as lágrimas desmancham.
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Sim… Alguns sentimentos nos mostram que a alegria existe, pois a tristeza é vivida de forma intensa…
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Se ela existe, onde andará o mapa?
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Pra que mapa? Não é necessário…
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Para reconhecê-la quando passo por ela e saber como pegá-la.
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