Depois de ver 2 Nights Till Morning, eu estava impressionado ainda. Não queria ver nenhum filme triste. Não queria ficar triste. É engraçado, sempre achei que eu gostasse mais de comédia. A gente vai ao cinema para se distrair, esquecer os problemas, não para criar mais. Mas, cada vez mais, eu venho percebendo que os filmes dos quais mais gosto, e nos quais mais presto atenção, são os filmes tensos, principalmente os que me fazem chorar.
Este aqui eu já tinha escolhido cedo, quando cheguei ao shopping. Pareci ser a história de alguns hippies drogados que passavam a vida na putaria. Não parecia ser nem uma comédia rasgada, nem um drama pesado. Nem um, nem outro. Peguei um capuccino, daqueles bem grandões, e me sentei na segunda fila para assistir. Numa poltrona de canto, para não ter nenhum barulhento por perto me enchendo o saco.
O filme começa estranho, drogas, abelhas, o cara que topa dividir a namorada com o outro (por medo de ficar sem ela e por teimosia das bobagens de hippie em que dizia acreditar). Tudo regado a Bob Dylan e algumas outras coisas do tipo. Principalmente Bob Dylan. Tem um disco dele que é tocado acho que quase inteiro, aos pedaços.
Só conforme as personagens vão crescendo, seu comportamento parece amadurecer e começa a fazer sentido. É o enredo também. E é já depois da metade, bem depois da metade, que eu percebi que é uma história real, por mais cheirada que seja, de um famoso rockeiro dinamarquês. O cara era poeta e resolve se meter com música, convida um amigo músico a formarem uma banda, ele como letrista, mas acaba se descobrindo um bom vocalista, para conseguir que seus poemas continuem chegando à mina de quem ele gosta.
Eu tenho medo de ter perdido alguma parte muito boa. Fiquei me segurando ao máximo, mas tive de sair no fim do filme para ir ao banheiro. Essas sessões emendadas, regados a café e cerveja, me matam. Voltei e terminei o filme em pé ao lado da porta e da menina que recolhe as papeletas com as notas.
A história, eu achei bonita, principalmente quando ele a ajuda à força e quando começa a cantar, cada dia mais desesperado por vê-la. Começo a perceber que, por mais que espere finais felizes, os frustrantes são os mais reais.