O Anel do Nibelungo

Era uma noite para atravessar assistindo o ópera, mas tinha de ser uma muito boa. Eu corri para o shopping, comprar uma em DVD para assistir. Preciso descobrir algum bom serviço para assistir ópera pela internet, para não ficar enchendo a estante com caixas de discos.

No caminho para o shopping, já pensei em toda a noite e no que precisava: o filme, pão (seria o jantar, só pão), vinho (para aquecer por dentro e saborear aos poucos). Precisava também de um edredon, isso eu tenho escondido junto da poltrona, é só pegar.

Passei na livraria, tinha vários DVDs de óperas, a maioria de coisas esquisitas, algumas que eu nunca ouvi falar, outras de mesmice, aquelas curtinhas, romantiquinhas, lugar comum. Olhei muito a prateleira toda, de cima a baixo, esquerda a direita, algumas vezes. Acabei escolhendo, das lugares comum, uma que eu ainda não tinha visto. História batida, talvez a música fosse boa. Talvez o vinho ajudasse.

Já estava indo para o caixa, ainda não todo conformado com a escolha. No caminho vi uma caixa azul, bonita. O Anel do Nibelungo em Blu-Ray, completo, as quatro óperas. São mais de vinte horas de drama. Dão uma bela maratona! Curioso com o preço… Por esse preço não dá para resistir. O programa da noite, vai varar o dia seguinte. Vou precisar de mais algumas coisas na lista de compras: café, mais pão para amanhã, frutas. Adiar o barbeiro. Não vou a lugar nenhum, pra quê barbeiro?

Corrida pro mercado. O vinho é fácil de escolher: Douro, o mais barato que tiver. Pêra-rocha e tomate. Pão francês fresco pra hoje e congelado pra amanhã. Do caixa, eu volto para pegar duas garrafas de água. Talvez em casa não tenha.

Para casa. Banho, quentinho! Óleo perfumado, é bom! Pijama novo. Na verdade, uma camiseta e um moletom novos, para usar de pijama. Acho que eu mereço.

Abro o vinho, pego meio copo. Rasgo os dois pãezinhos ao meio, tiro o miolo e os coloco no prato. Faltou queijo. É um programa perfeito pra queijo fundido. E pra uma lareira também. Está frio.

O primeiro disco no Blu-Ray, sento na poltrona, pernas cobertas pelo edredon no pufe grande que também serve de mesa de centro, vinho na mesa do canto. Hora de começar.

Bebo uma bicada do vinho, nada do filme começar. Barulho no Blu-Ray. Espero, espero. Impaciente, enfim, abro a bandeja e olho o disco. Tem um veio diferente no material, defeito de fabricação. A loja já fechou por hoje.

Não dá para pular o primeiro disco e ir adiante pelos outros. Talvez dê, eu é que sou um chato. Largo o copo e o pão ali na sala. Esquece. Melhor escovar os dentes e dormir, ao menos me esqueci de desmarcar o barbeiro.

4 comentários em “O Anel do Nibelungo”

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