A História do Ovo

Está é a história de um ovo de galinha. Você conhece ovo de galinha, não conhece? Eles não são redondos, nem ovais. Aliás, oval é uma palavra besta que arrumaram pra algo que não é como um ovo é. A forma oval é simétrica em dois eixos. Na escola, nos ensinam a fazê-la com lápis, dois pregos e um barbante. O ovo não é oval. Ele parece ser oval de um lado e redondo do outro. Mas isso depende de como a galinha o pariu. Ovo, quando nasce, é quente e mole, deforma fácil. Fica mais comprido, mais estreito, mais gordo, mais redondo, de acordo com a anatomia e esforço de sua mãe.
O nosso ovo, nosso é modo de falar, ele é da galinha, nosso ovo é dos mais comuns, passaria despercebido no meio de tantos outros ovos. Irmãos, primos, vizinhos. Todos iguais perante um humano. Mas não aos outros ovos.
Esse não parou em pé, nem deitado. Talvez tenha sido um impulso involuntário do granjeiro quando o pousou ao lado dos outros. De repente, tenha lhe tocado de leve, um peteleco, e ele, desequilibrado, tombou. Como João Bobo, bateu no seu vizinho da direita, e voltou, bateu no da esquerda, escorregou um pouco. Era muito torto esse ovo. Haveria um pinto brincalhão dentro? Ameaçou rodar, passou num vão entre outros dois. Encontrou a borda da mesa.
Quando achamos que iria se esborrachar no chão… o menino o pega e põe na bandeja. Aquela clássica de ovos. Vai ficar ali esperando ser quebrado para a refeição.
Talvez lhe façam só um fuinho e esvaziem para rechear com chocolate. Seria, todo pintadinho, um ovo de páscoa. Não pedia mais, já o menino o tinha salvo de sujar o chão.
Agora aceitaria ser pão, bolo, fritada, pochè, mas tinha o direito de querer ser ovo de páscoa.

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